terça-feira, 13 de setembro de 2022

A culpa e o perdão (*)


No PÚBLICO de 5 do corrente, consta um artigo de Elísio Macamo, “Professor de sociologia e Estudos Africanos na Universidade de Basileia”, em que o autor louva o pedido de desculpa de António Costa pelo massacre de Wiriamu, cometido em Moçambique pelas tropas portuguesas. Mas embora reconheça a nobreza do gesto do Primeiro-Ministro português, por outro lado declara sentir raiva porque se trata de “simples palavras que não custam nada para se pronunciar”.

Na mesma edição do jornal vem a carta de um militar português do tempo da guerra colonial, onde se afirma: “Nunca Portugal exigiu desculpas dos movimentos de libertação pelos massacres bárbaros de mulheres e crianças no início dos anos 60. Se é para quebrar pactos de silêncio que seja para todos”.

Concedo que os crimes dos opressores sobre os oprimidos sejam de maior gravidade que os de sentido inverso. Todavia estes não deixam de ser crimes, não deixam de fazer parte da História (e da Sociologia), e não devem ser varridos para debaixo do tapete. Não seria menos cristão que o Sr. Professor se lembrasse de pedir desculpa por eles, tanto mais que, como refere, as palavras não custam nada a pronunciar.


(*) Carta enviada ao “Público” e não publicada

                                                                                              

 

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