No
PÚBLICO de 5 do corrente, consta um artigo de Elísio Macamo, “Professor de
sociologia e Estudos Africanos na Universidade de Basileia”, em que o autor
louva o pedido de desculpa de António Costa pelo massacre de Wiriamu, cometido
em Moçambique pelas tropas portuguesas. Mas embora reconheça a nobreza do gesto
do Primeiro-Ministro português, por outro lado declara sentir raiva porque se trata
de “simples palavras que não custam nada para se pronunciar”.
Na
mesma edição do jornal vem a carta de um militar português do tempo da guerra
colonial, onde se afirma: “Nunca Portugal exigiu desculpas dos movimentos de
libertação pelos massacres bárbaros de mulheres e crianças no início dos anos
60. Se é para quebrar pactos de silêncio que seja para todos”.
Concedo
que os crimes dos opressores sobre os oprimidos sejam de maior gravidade que os
de sentido inverso. Todavia estes não deixam de ser crimes, não deixam de fazer
parte da História (e da Sociologia), e não devem ser varridos para debaixo do
tapete. Não seria menos cristão que o Sr. Professor se lembrasse de pedir
desculpa por eles, tanto mais que, como refere, as palavras não custam nada a pronunciar.
(*) Carta enviada ao “Público” e não publicada
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