sábado, 4 de julho de 2020

Covid-19, verdade e humildade

Não pertenço ao partido do Governo. Mas isso não me impede de reconhecer que as autoridades da saúde têm feito o melhor que podem, não se poupando a esforços e à vontade a de acertar. Eu não me queria ver na sua pele. Se outros estivessem em seu lugar, fariam melhor?
 
Nem o país nem as estruturas de saúde estavam preparadas para este tsunami viral e, sejamos honestos, não podemos estranhar que, nestas circunstâncias, possa haver falhas aqui e acolá. O contrário é que seria estranho. Por isso achei destemperadas e intempestivas as declarações do presidente da Câmara de Lisboa, a tal respeito e que, mesmo sem querer, nos insinuam: que desígnio terão latente?
 
No entanto não acho criteriosa nem prudente a afirmação da ministra da Saúde de que “não há nenhum caso de infecção associada a transportes públicos”. Sabendo-se que uma das causas mais propiciadoras da infecção são os ajuntamentos, e constatando que em muitos transportes públicos as pessoas vão ao molho, é praticamente impossível que daí não resultem infecções, mesmo que não se conheçam.
 
Tenho relutância em fazer, a propósito dos transportes, a leitura que alguns fizeram a propósito das máscaras: são ineficazes porque não as têm. Há problemas que não se resolvem a curto prazo. É a vida. Custa tanto a reconhecê-lo?

Ligações: Público, carta ao director (4 Jul 2020); Outras cartas ao Director do Público de Fávio Vara.

Acordo ortográfico

Para quem vem acompanhando, há anos, a vexata quaestio do (des)acordo ortográfico, a carta que o embaixador Seixas da Costa escreveu sobre o assunto neste jornal, no dia 4 do corrente, é no mínimo repugnante. “Carta sobre o assunto” não é porventura a expressão mais adequada, porque o sr. embaixador não escreveu propriamente sobre o (des)acordo, até porque não deve perceber muito acerca do tema. A carta é sobretudo ad hominem, contra o jornalista Nuno Pacheco (não conheço o jornalista a não ser pelos seus escritos, nem ele precisa de ajudas alheias na defesa da sua honra). 

O sr. embaixador não gosta que se grafe com minúscula o dito cujo (des)acordo, pela mesma razão, diz ele, que no tempo da outra senhora a PIDE minusculizava o “partido comunista”. São gostos, não se discutem. Mas discutem-se, sim, as bases anticientíficas, a acefalia e a prepotência com que tais normas foram impostas contra tudo e contra todos, e que conduziram ao actual caos que só não vê quem não quer ver. 

O referido diplomata, e sem qualquer diplomático prurido, atira-se a um jornalista que tem sido paladino na defesa da abolição do malfadado (des)acordo, acoimando-o de escrever os seus artigos “onanisticamente, para prazer solitário”. O sr. embaixador Seixas da Costa, que tão desinibidamente diz o que gosta, está a precisar duma pouco diplomática resposta. Para já, de uma coisa pode ficar certo: que na investida contra o jornalista está mais solitário, do que está o jornalista contra o acordo asinário.

Arcades Ambo

  Rapazola petulante e tão levado da breca que pô-lo a governante não lembraria ao careca.   Lembrou, contudo, ao Monhé, per...