“Se tudo continua igual, se os nossos dias
são pautados pelo ‘sempre se fez assim’,
então o dom desaparece, sufocado pelas
cinzas dos medos e pela preocupação de
defender o statu quo”.
(Papa Francisco).
“Os cristãos são todos iguais, o ser bispo
ou cardeal não nos torna superiores a
ninguém”.
(Cardeal Cristóbal López).
Veio o Papa Francisco e desconstruiu esse
mundo convencional e, daí o grito: ai que ele
está a dar cabo
da Igreja na sua vida interna
e na sua
relação com o mundo. É verdade! O
vinho novo da
sua intervenção, pelo exemplo
e pela palavra,
rebenta com os odres velhos
do
conformismo.”
(Frei Bento Domingues).
“Uma Igreja que, aprisionada por um
sistema clerical, corre o risco de se tornar
cada vez mais um museu de antiguidades”.
(P. Anselmo Borges).
“A primeira condição dos católicos, para
realizarem a sua missão na linha do Papa
Francisco, é a reforma da Igreja, do topo
até à base.”
(Frei Bento Domingues).
Há
uma coisa que na Igreja
me
entristece e não encaixo:
que
a informação se processe
só
de cima para baixo.
E
se há cartas pastorais
do
pastor para as ovelhas,
eu
atrevo-me a propor
que
haja cartas ovelhais
das
ovelhas prò pastor.
E
para dar o exemplo
e
viver a minha fé,
aqui
vai uma ovelhal
para
o bispo D. José.
v
Serrar
a clerocracia
não
é nenhuma heresia
nem
pecado venial,
é
até mesmo um dever,
segundo
o papa actual,
um
papa que é muito amado
e
que possui tantos dons!
Peço
a Deus que lhe dê vida
por
muitos anos e bons,
pois
tenho grande receio
de
que o “Grande Inquisidor”
não
suporte que ele imite
a
Jesus Nosso Senhor.
Já
anda a fazer-lhe o cerco,
já
anda a mostrar-lhe as garras,
à
espera do momento
de
lhe lançar as amarras.
É
pois no Papa Francisco
que
me sinto respaldado
para
correr este risco
de
vir a serrar a velha
também
ao nosso prelado.
É
um caso melindroso
e
que deve ser tratado
com
reverência e unção
para
não ser cominado
com
alguma excomunhão.
v
O
bispo José Cordeiro
é
um jovem prazenteiro,
bem
falante e despachado;
de
todos os atributos
requeridos
a um prelado
falta-lhe
apenas o cheiro.
Segundo
o Papa Francisco,
o
pastor deve cheirar
às
ovelhas que apascenta;
e
a que cheira D. José?
A
rituais, liturgias,
devoções
e água benta.
Já
ouvi dizer por vezes
que
até é um bispo bonito
e
que é mal empregado
em
terra de montanheses.
Quanto
a ser mal empregado,
eu
também estou de acordo,
mas
é noutra perspectiva:
porque
sou membro da Igreja,
quero-a
rejuvenescida;
mas
quanto a isso este bispo,
e
com todo o meu respeito,
é
um atraso de vida.
A
sua designação
para
bispo de Bragança
inundou-me
de alegria,
encheu-me
a alma de esperança.
Um
bispo com tal perfil
estava
mesmo talhado
pra
remoçar o redil
que
lhe fora confiado,
para
alterar uma prática
convencional,
rotineira
e
fazer com que se veja
outra
maneira de ser
cristão
e de ser Igreja.
Mas
já passaram dez anos,
sucedem-se
os desenganos
e
lembram-me os Evangelhos
naquele passo em que se lê
"vinho novo em odres velhos".
Pode ser bom velocista
e
de alta cilindrada,
só
que corre numa pista
quanto
a mim pouco acertada.
v
Na
Igreja, povo de Deus,
todos
nós somos iguais,
não
devem existir castas,
prepotências
clericais,
nem
haver donos de tudo,
só
uns poucos a falar
e
o resto que fica mudo.
O
poder não possui sexo,
por
isso não deve ser
monopólio
masculino,
a
mulher é, como o homem,
um
reflexo do divino,
e
na relação com Deus
é
ela que sobressai:
a
mulher é mãe de Cristo,
mas
o homem não é pai.
Porém
como estas matérias
são
demasiado sérias
para
serem abordadas
de
tão ligeira feição,
tratá-las-ei,
Deus o queria,
em
outra oportunidade,
com
maior profundidade
e
noutro diapasão.
Mas
antes de terminar,
ainda
quero serrar
uma
obnóxia latinada
que
muito me estarreceu
quando
um dia a vi estampada
num
livro do senhor bispo,*
entre
os vários que escreveu.
v
Em
latim há uma expressão
muito
usada para dizer
“ponto
da situação”;
trata-se
de status quaestionis
que
o senhor bispo empregou,
alterando-lhe
o final
para
“status quaestiones”,
e
com isso cometendo
um
pecado muito grave
a
nível gramatical.
Do
latim já terminou
há
muito tempo a vigência,
mas
é língua de cultura
e
é da sua descendência,
do
seu cunho de nobreza
que
se orgulha a “flor do Lácio”
sua
filha portuguesa.
Não
podemos profanar
os
seus despojos mortais,
é
nosso dever sagrado
preservá-los, cultuá-los
como
relíquias dos pais.
Post Scriptum
D.
José, eu sempre fui
um
tanto desabusado,
mas
sou bem intencionado,
tenho
por si muito apreço
e,
pode ter a certeza,
não
sou ruim como pareço.
Acautele-se,
isso sim,
contra
as reses do rebanho
que
usam falinhas de mel,
que
de ovelhas têm pele,
mas na realidade são
lobos de todo o tamanho.
Sem comentários:
Enviar um comentário