sábado, 4 de julho de 2020

Acordo ortográfico

Para quem vem acompanhando, há anos, a vexata quaestio do (des)acordo ortográfico, a carta que o embaixador Seixas da Costa escreveu sobre o assunto neste jornal, no dia 4 do corrente, é no mínimo repugnante. “Carta sobre o assunto” não é porventura a expressão mais adequada, porque o sr. embaixador não escreveu propriamente sobre o (des)acordo, até porque não deve perceber muito acerca do tema. A carta é sobretudo ad hominem, contra o jornalista Nuno Pacheco (não conheço o jornalista a não ser pelos seus escritos, nem ele precisa de ajudas alheias na defesa da sua honra). 

O sr. embaixador não gosta que se grafe com minúscula o dito cujo (des)acordo, pela mesma razão, diz ele, que no tempo da outra senhora a PIDE minusculizava o “partido comunista”. São gostos, não se discutem. Mas discutem-se, sim, as bases anticientíficas, a acefalia e a prepotência com que tais normas foram impostas contra tudo e contra todos, e que conduziram ao actual caos que só não vê quem não quer ver. 

O referido diplomata, e sem qualquer diplomático prurido, atira-se a um jornalista que tem sido paladino na defesa da abolição do malfadado (des)acordo, acoimando-o de escrever os seus artigos “onanisticamente, para prazer solitário”. O sr. embaixador Seixas da Costa, que tão desinibidamente diz o que gosta, está a precisar duma pouco diplomática resposta. Para já, de uma coisa pode ficar certo: que na investida contra o jornalista está mais solitário, do que está o jornalista contra o acordo asinário.

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