sexta-feira, 1 de janeiro de 2021

Latinismos e moralismos

Em texto aqui publicado em 22-12-20, mencionei a expressão latina canes muti non volentes latrare, que é uma injunção bíblica e metafórica dirigida àqueles que, investidos em altas funções e devendo erguer a sua voz quando se torna necessário, não o fazem. O sr. António Cândido Miguéis (ACM), na sua epístola de 28-12-20, invectiva-me por eu não ter traduzido a expressão para português, “porque nem todos os eleitores do PÚBLICO estudaram latim” e porque, com essa frase, por ele considerada “quase injuriosa”, eu “exprobrei” os nossos bispos e cardeais. Ora o sr. ACM compreendeu perfeitamente a frase, e se o fez sem ter estudado latim, só me vem dar razão: não necessitava de ser traduzida; se o fez com conhecimento do idioma de Cícero, então entendeu-a de modo excessivo: viu nela o que lá não estava, ou seja, a “exprobração” aos nossos antístites. 

Uma das razões pelas quais eu não traduzi a expressão foi para não subestimar o entendimento e a literacia dos leitores (a bom entendedor meia palavra basta). E o sr. ACM até me devia agradecer o não ter menosprezado o seu acerado entendimento. Entendimento a cuja performance só faltou entender que, a haver naquela expressão latina algum resquício de “exprobração”, a responsabilidade deve ser pedida à Sagrada Escritura e não a mim.

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